sábado, 31 de maio de 2014

1º de Junho - Solenidade da Ascensão do Senhor

A Festa da Ascensão de Jesus, que hoje celebramos, sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.

O Evangelho apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, num monte da Galileia. A comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus ressuscitado, reconhece-O como o seu Senhor, adora-O e recebe d’Ele a missão de continuar no mundo o testemunho do “Reino”.

Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo “caminho” que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens, continuar o projeto de Jesus.


A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa “esperança” de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside no seu “corpo” que é a Igreja; e é nela que Se torna, hoje, presente no meio dos homens.

O texto do Evangelho que descreve o encontro final entre Jesus e os discípulos divide-se em duas partes.
Na primeira (vers. 16-18), descreve-se o encontro. Jesus, vivo e ressuscitado, revela-Se aos discípulos; e os discípulos reconhecem-n’O como “o Senhor” e adoram-n’O. Depois de descrever a adoração, Mateus acrescenta uma expressão que alguns traduzem como “alguns ainda duvidaram” e outros como “eles que tinham duvidado” (gramaticalmente, ambas as traduções são possíveis). No primeiro caso, a expressão significaria que a fé não é uma certeza científica e que não exclui a dúvida; no segundo caso, a expressão aludiria a essa dúvida constante dos discípulos – expressa em vários momentos, ao longo da caminhada para Jerusalém – e que aqui perde qualquer razão de ser.

Ao reconhecimento e à adoração dos discípulos, segue-se uma manifestação do mistério de Jesus, que reflecte a fé da comunidade de Mateus: Jesus é o “Kyrios”, que possui todo o poder sobre o mundo e sobre a história; Jesus “o mestre”, cujo ensinamento será sempre uma referência para os discípulos; Jesus é o “Deus-connosco”, que acompanhará, a par e passo, a caminhada dos discípulos pela história.

Na segunda (vers. 19-20), Mateus descreve o envio dos discípulos em missão pelo mundo. A Igreja de Jesus é, essencialmente, uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de salvação e de libertação que Jesus veio trazer aos homens e que deixou nas mãos e no coração dos discípulos. A primeira nota do envio e do mandato que Jesus dá aos discípulos é a da universalidade… A missão dos discípulos destina-se a “todas as nações”.

A segunda nota dá conta das duas fases da iniciação cristã, conhecidas da comunidade de Mateus: o ensino e o baptismo. Começava-se pela catequese, cujo conteúdo eram as palavras e os gestos de Jesus (o discípulo começava sempre pelo catecumenato, que lhe dava as bases da proposta de Jesus). Quando os discípulos estavam informados da proposta de Jesus, vinha o baptismo – que selava a íntima vinculação do discípulo com o Pai, o Filho e o Espírito Santo (era a adesão à proposta anteriormente feita).

Uma última nota: Jesus estará sempre com os discípulos, “até ao fim dos tempos”. Esta afirmação expressa a convicção – que todos os crentes da comunidade mateana possuíam – de que Jesus ressuscitado estará sempre com a sua Igreja, acompanhando a comunidade dos discípulos na sua marcha pela história, ajudando-a a superar as crises e as dificuldades da caminhada.

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